"Eu tenho uma sensação bem frustrante dessa realização da Copa do
Mundo. Acho que vai ser incrível, vai ser fantástico ter uma Copa do
Mundo no Brasil, mas, ao mesmo tempo, não se torna agradável. Não sei se
Fifa já viveu uma situação tão constrangedora como está vivendo aqui no
Brasil. Muita gente não é nem a favor da Copa aqui no Brasil, é difícil
de imaginar que isso pudesse acontecer, mas é bastante compreensível",
disse Guga, em entrevista coletiva concedida nesta quarta-feira no Rio
Open, principal torneio de tênis do Brasil.
Para Guga, a Copa não deixará o legado que foi prometido. "A gente
sofre de dificuldades elementares. Copa do Mundo é um exemplo, vai
demorar dois meses o potencial de contagiar as pessoas de uma forma
espetacular e vai terminar. Não vi, não consigo enxergar grandes
benefícios para um investimento maior, para alguns anos", afirmou. "Para
os estrangeiros, os caras que vêm para cá, eles vão adorar. Pra gente é
que vai ser ruim. Aquela promessa de mudança, na prática, quem
acompanha sabe que não é a realidade. Nem os aeroportos estão preparados", apontou.
Segundo Guga, as críticas de parte da população com a realização do
evento no País vêm da falta de compromisso do governo. "A indignação
também é um pouco pelo grau de expectativa que surge para os
brasileiros, e a falta de respeito que gera com as pessoas. O governo de
alguma forma assume um compromisso com todos, com o povo de uma maneira
geral, e não cumpre. E aí a gente vê um esforço quase que sobre-humano
para cumprir os compromissos com a Fifa", criticou.
O ex-tenista citou ainda o Congresso Técnico da entidade, que está
sendo realizado em Florianópolis, cidade onde ele mora. "A gente sofre
quase que todos os dias. Agora eles estão em Floripa e nem trânsito os
caras fazem eles pegar, estão lá todas as avenidas (fechadas) para eles
passarem. Todos os dias a gente têm trânsito", contou Guga. "Parece que
os caras estão de férias em Floripa. Tomara que isso fique para sempre,
porque eu nunca vi a cidade com tanta segurança em toda a minha vida",
ironizou, para depois complementar: "Isso que eu acho inadmissível, a
dicotomia entre a nossa realidade e o que vai acontecer durante dois
meses. Isso me deixa realmente abismado."
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